Caverna Inundada

Fazia poucos dias que Darya havia sido trazida para o distrito e sem conhecer muita gente, a não ser as pessoas que a adotaram e sua filha Viollet, não tinha muito o que fazer entre seus intervalos de treino. Os Treinos eram Rigorosos? Sim, eram, mas pra quem viveu dois anos do lado de “fora”, não era muito difícil o ritmo puxado deles.

Como também não conhecia nada do distrito, só por conversas da sua nova “família”, resolveu sair para explorar o local. Durante as conversas que ouvia ficou sabendo de um lugar interessante para ir, a caverna inundada.

Pergunta dali, pergunta daqui e logo consegue chegar na entrada da tal caverna. Chegando lá, desviando das roseiras e seus espinhos notou que a entrada estava submersa por uma água escura. Olhou ao seu redor e encontrou um bom esconderijo para deixar as suas coisas, bem atrás de uma pedra na beirada da entrada.

Olhou novamente para ver se não havia ninguém olhando e foi tirando suas roupas, ficando somente de roupas intimas. Colocou-as dentro de sua mochila e esta atrás da pedra bem escondida. Ela tinha um punhal de dois gumes e cabo de madeira, com uma bainha de Nylon, que tinha cintas para prender na cintura e coxa. Como não sabia o que encontrar, amarrou ele ao seu corpo e foi em direção a entrada da caverna.

Colocou o pé na água e logo em seguida o tirou,ela estava fria. Apesar de o dia estar bem quente, a sensação da água fria em seu corpo seria um tanto arrepiante. *Vai ter que ser de uma vez* pensou. Respirou fundo e mergulhou na água escura e fria.

Foi nadando por baixo da água até encontrar uma claridade. Ao emergir da água percebeu que ela já não era mais escura e sim límpida e cristalina. O interior da caverna era forrado de pedras brilhantes e havia uma pequena fenda por onde a luz do sol passava e dava aquele ar mágico ao lugar. Havia também um platô de pedra lisa aquecida pelo calor dos raios do sol.

Ela nadou mais um pouco e foi indo em direção aquele platô. Subiu nele e se deitou ao sol. A vista do teto da caverna era linda, parecendo que havia um céu estrelado nele. Colocou seus braços por trás da cabeça e relaxou. Fazia tempo que ela não se sentia assim, livre de perigos e segura. Ficou imaginando se as pessoas do distrito conheciam esse local e torceu para que aquele local seja um lugar de refugio para quando quisesse ter um momento só para ela.

Explorando o lugar

Ser a novata no distrito não era bom, nos treinamentos todos observavam Bea e alguns deviam se perguntar como uma garota de aparência frágil conseguiu sobreviver na situação em que o mundo estava, as armas que ela tinha foram apreendidas até que ela se mostrasse confiável.
No seu tempo livre, que geralmente era muito pouco, ela procurava ficar o mais longe possível daquele gente. Para Bea se ela não fosse vista ia ser tida como reclusa ou tímida e as chances de ela fazer algo que eles não gostassem eram poucas.
Em uma de suas aventuras ela decidiu seguir uma garota que treinava junto com ela, Bea não sabia o nome da garota apenas se identificava com seu jeito de agir e de alguma forma a garota também parecia deslocada naquele meio, além da aparência da garota o que chamou a atenção de Bea foi um sotaque Russo em sua pronúncia, mas ao contrário dos outros Bea achava incrível o sotaque da garota.

Depois de um certo tempo a garota entrou em uma caverna, ao que parecia ela não tinha notado a presença de Bea e isso era bom, Bea esperou do lado de fora por cerca de meia hora e então entrou, ela fez isso para não parecer que a garota estava sendo seguida e esperava que desse certo.

O interior da caverna era estranho e um arrepio precorreu a espinha de Bea, a água era negra mais algo parecia chamar por ela na água, a garota não estava ali e para onde ela poderia ter ido? O único lugar ali que ela poderia estar era na água, Bea começa a tirar a roupa um pouco receosa, ela coloca suas roupas atrás de uma pedra e encontra uma mochila, conta até três e pula na água negra.
A água estava gelada e por um instante o coração de Bea veio parar na boca e assim que ela sente o ar entrando em seus pulmões ela respira como se não o fizesse a anos, no fundo algo uma pequena luminosidade chama sua atenção, ela pega folego e mergulha em direção a claridade, por um momento ela pensou que não fosse conseguir, mas então a claridade a tomou e ela subiu tendo como visão um local diferente, extremamente lindo e de águas límpidas, ela começa a nadar até a margem.

-Ah droga!-urrou assim que saiu da água e resvalou nas pedras, caindo sentada, Bea olhou ao redor e viu a garota deitada olhando para o teto da caverna, ela ficou em silêncio enquanto se recuperava da queda.

Ia ia Oh.

Estava tão distraída que nem percebi o aparecimento de uma garota, só vi que ela estava ali pelo tombo que ela levou e o barulho que fez. Girei meu corpo rápido e fiquei em posição de ataque, já com a mão no punhal.

“- Quem é você? Voce está me seguindo?” fiquei de pé e relaxei um pouco ao perceber que era uma das garotas que treinava comigo. “- Черт, я был слишком хорошо, чтобы быть правдой.” Disse baixinho em russo.

Devagar fui chegando perto dela, tomando cuidado para não escorregar e dou a mão para ela se levantar. “ – Se machucou?” Fiquei olhando se ela não tinha nenhum ferimento aparente no corpo, o que deve ter dado uma má impressão.

Sorri para ela de um jeito meio sem graça e virei as costas pra ela, indo me sentar a onde estava, fiquei em total silencio o que era um habito horrível meu quando estava nervosa, não sabia muito conviver com pessoas.

Pq fala em Russo?

Gentilmente a garota ajudou Bea a se levantar, ela ainda estava dolorida e ficou observando a garota dizer algo em russo e se afastar.

-Hmm eu sou Beatrice, mas pode me chamar de Bea se quiser-disse ela se aproximando de onde a garota estava.

-E sobre estar te seguindo... Sim eu estava me desculpe, eu só... Só não aguentava mais ficar lá-disse Bea quase que em um sussurro, ela estava envergonhada e podia sentir seu rosto ficando vermelho.

-Desculpe se atrapalhei algo. Eu devia saber que você queria ficar sozinha- disse Bea de cabeça baixa.

Porra eu não entendo!.

Olhei para ela e vi que realmente sentia por ter feito aquilo. Baixei minha guarda e comecei a conversar. “ – Oi, me chamo Darya. Senta aqui um pouco, deve ter doido esse tombo em?” e dei uma risada descontraída.

Vejo pelo que ela disse que ela não tinha muitos amigos por aqui também. * Será que ela veio do lado de fora também?* Pensei. Resolvi investigar um pouco...

“ – Então, qual é a sua História?” Fiquei olhando pra ela, tentando decifrar seus sentimentos e temores.

Uma amiga?

Darya, era esse o nome da garota. Era diferente mais Bea já esperava por um nome assim.
Aproximando-se com cautela para não cair novamente, Bea foi se aproximando da garota e se sentou ao seu lado, Darya perguntou qual era a história dela e mesmo não estavdo segura sobre falar ou não Bea respondeu.

-Eu vim de Londres em um ônibus com cerca de vinte pessoas para cá esperando achar algo melhor, uma situação melhor, mas infelizmente achamos o pior.-Bea fez uma pausa e continuou.

-Fiquei cerca de três meses buscando comida e água para mim e mais cinco garotas doentes, mas logo tive de tranca-las em uma sala da casa onde estávamos porque elas se transformaram e depois de uma semana eu encontrei os patrulheiros e vim para cá. Só não sabia que eles iriam tirar de mim a minha katana.- diz Bea cabisbaixa com um filme resumido de tudo oque ela passou em sua mente, mas ela logo afasta os pensamentos e sorri.


-Qual a sua história?

Eu espero

Ela havia me contado como ela veio parar aqui e, como é comum a todos ou pelo menos a maioria, ela teve sua parcela de dor e sofrimento.
Logo que ela termina de me contar ela pergunta da minha história, nada que mais justo.

- Bom, eu sou russa,como você pode perceber. Fui trazida a esse pais com 9 anos, sequestrada. Fui obrigada a trabalhar no tráfico de drogas e depois quando a doença já estava alastrando, eu fugi. Dou uma pausa e fico com uma expressão mais séria. – Eu fui obrigada a me prostituir no lugar que eu fiquei abrigada. Eu fugi novamente e depois de um tempo eu encontrei um grupo de busca e me assustei, cai de uma escada e desmaiei. Quando acordei tava aqui.

Fiquei olhando para ela pra ver qual seria a reação dela do que eu havia contado, Não que eu me importasse com a pena que ela poderia sentir de mim ou algo do tipo, mas queria realmente a aprender a confiar mais nas pessoas, quem sabe ela não me ajudaria nisso.